terça-feira, 18 de agosto de 2009

Sobre olhos e olhares

"Fique de costas e feche os olhos", eles disseram. Virei, mas confesso que continuei com os olhos arregalados. Pelo reflexo da janela, pude ver que os dois seguravam uma tela enorme, que estava virada para a parede. Rapidamente fui repreendida. "Ah não, ela está olhando! Fecha logo esses olhos, Palô!". Desta vez obedeci, e nos dois ou três segundos seguintes - tempo suficiente para que virassem o quadro em minha direção - especulei sobre absolutamente tudo o que poderia ter sido registrado ali, naquela enorme tela. Já faz muito tempo que frequento o lar, doce lar deste casal de amigos tão queridos. Sempre que chego, ela está cortando, costurando ou bordando alguma peça nova para sua grife Maria Preta (que há alguns anos domina 95% do espaço do meu guarda-roupas) e ele está pintando alguma tela que eu invariavelmente faço questão de admirar. Das últimas vezes em que havia estado na casa, ele pintava vários quadros sobre jazz. Por este motivo, meu palpite inicial e silencioso foi justamente em alguma obra da série musical já conhecida. De repente, caiu a ficha: me lembrei da brincadeira tola que havia feito em alguma dessas visitinhas anteriores. "Quando você vai me dar uma de presente, hein?". Pausa para uma meteórica enxurrada de autocríticas. "Ai meu Deus, isso não se faz! Que comentário mais de segunda, Paloma. Tá vendo? Ele levou a sério!". Mas a verdade é que naquele momento a curiosidade estava falando muito mais alto do que qualquer tipo de autocensura; por isso, rapidamente voltei às especulações. "Seria uma pintura abstrata? Flores? Pessoas? Uma paisagem?". Respirei fundo e resolvi me virar, ansiosa para desvendar o mistério. Quando abri os olhos, enxerguei exatamente aquilo o que nunca teria me passado pela cabeça, nem que tivesse especulado por horas a fio: era eu quem estava lá, ocupando todo o espaço da enorme tela. O meu rosto, os meus olhos, o meu nariz e minha boca. No mesmo instante, minhas pernas amoleceram. Fiquei atônita - primeiro por me enxergar e me reconhecer ali; segundo por surpreendentemente gostar do que estava enxergando e, por último, como não poderia deixar de ser, por perceber todo o significado daquele presente - forte, intenso e absolutamente inesquecível. Não é fácil olhar para si numa escala tão ampliada, e muito menos imaginar-se "pendurando a si mesmo" numa parede branca. Ao mesmo tempo, fiquei encantada com a interpretação do artista sobre a minha imagem. As cores, as formas, tudo tão estilizado e ao mesmo tempo tão Paloma! Pode parecer exagero agora, distante do momento, mas convenhamos: definitivamente não é todo dia que recebemos algo assim. Pra ser bem honesta, nunca havia experimentado algo parecido. Talvez por isso, logo eu, que me julgo tão íntima das palavras, me peguei sem saber o que dizer e sem compreender as emoções que automaticamente passaram a transbordar de meu peito. Sendo assim, simplesmente permaneci entre o sorrir e o chorar - não por estar diante de um presente que, é fato, me acompanhará até os últimos dias da minha vida, mas por já me imaginar num futuro bem distante, contemplando-o quietinha da cadeira de balanço, com os olhos marejados de saudade dos meus vinte e poucos anos.

Artista: Milton Tolosa. Óleo sobre tela, 2009.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Seja como for, a vida é um presente

'Isso de querer ser exatamente aquilo que a gente é
ainda vai nos levar além'.
Paulo Leminski

Quando eu era pequena, achava que aos 28 anos eu seria mais do que gente grande: seria forte, independente, bem-resolvida e super poderosa. Já teria marido, filhos, casa, carro, gato e cachorro; já seria uma profissional muito respeitada e requisitada; já teria desbravado o mundo em viagens emocionantes e passaria todos os meus dias esbanjando sorrisos e suspiros por finalmente ser uma mulher-maravilha. Hoje, olhando para a minha vida neste exato momento, vejo quão ingênua e romântica foi a minha criança ao sonhar com o meu próprio futuro. Porque na infância a gente costuma acreditar que existe um ápice na vida adulta, com tudo perfeito, nos trinques, e é só lá na frente, muito tempo depois, quando estamos diante de um espelho e nos olhamos nos próprios olhos, que nos damos conta de que os anos simplesmente passaram e que a gente continua tendo um enorme caminho a percorrer. Caminho repleto de flores, sim, mas também de surpresas, desafios, tropeços e recomeços. Eu não sou a Paloma que imaginava que seria quando posei para a foto ao lado, mas nem por isso sou menos feliz. E agradeço à vida hoje, dia em que completo 28 anos, por estar exatamente aqui - e por ser exatamente quem eu sou.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O samba da segunda

Depois de um branco total radiante, vou puxar a fila de novos posts, trazendo um Quiz GS de primeira com o músico, compositor e amigo Jean Garfunkel. Jean fez músicas pra muita gente de primeira, como Elis Regina. Uma delas, "Não vale a pena", foi regravada por Maria Rita em seu primeiro CD. Atualmente, o músico tem um projeto superbacana, o Canto Livro, que mistura música e literatura, com textos de Guimarães Rosa, Jorge Amado, Manuel Bandeira e outros bambas. Daí que, numa reuniãozinha caseira, Jean me saiu com essa verdadeira melô da segunda-feira, samba dele em parceira com Mozart Terra. Sob medida para o blog, e para colocar um pouco de humor nessa segunda, enfim, menos cinza...
Com vocês, a segunda-feira segundo Jean Garfunkel:



Minha definição de segunda-feira:
Segunda feira eu começo meu regime
Caí no crime mas vou me regenerar
Eu tô comedo pra dedéo
Eu tô bebendo pra danar
Eu tô no céu
E Deus é que é o dono bar
Já extrapolei ,detonei, me vinguei
Inventei um spa
Tô como eu quero e deram alvará
Tô nem aí
Levantei, recaí, me esqueci de acordar
E se segunda feira eu não pintar
Como é que vai ficar
Na terça feira eu recomeço o meu regime...



Uma receita de primeira, com ingredientes de segunda:
O que sobrou do domingo.

Uma balada de segunda-feira:
Sarau na livraria Casa de Livros toda a primeira segunda do mês.

Parece de segunda, mas é de primeira:
Bar do Biu, rua Cardeal Arcoverde, esquina com João Moura. O melhor baião de dois da cidade.

Parece de primeira, mas é de segunda:
Praça de Alimentação em Shopping.

Uma pessoa de primeira:
Betinho, o Ghandi brasileiro.

Uma atitude de quinta:
Corrupção. Ver o site MUCO, museu da corrupção: http://www.dcomercio.com.br/muco.

Um programa de quinta: 
Faustão.

Um dia em que me senti de segunda:
Sempre me sinto de segunda quando acordo de ressaca, e isso não é muito raro.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Deu branco!


Tenho recebido uma série de sugestões de primeira sobre assuntos de segunda em meu e-mail. Amigos, leitores do Garotas, enfim, pessoas que têm vindo aqui e de alguma maneira, creio eu, estão estranhando o silêncio que insiste em persistir neste blog. Comentei com a Rô há alguns dias que estou cheia de posts "na gaveta", mas por algum algum motivo não consigo transformá-los em texto. Será que se trata de algum tipo de crise existencial que acomete de tempos em tempos blogueiras de segunda (como esta que vos fala)? Será que estou experimentando uma espécie de "branco" em pleno palco virtual? Bem, depois de guardar essas questões apenas para mim, resolvi dividir meu dilema com você, caro leitor, na esperança de que o gesto, por mais simples que seja, traga algum tipo de insight, inspiração ou qualquer coisa do gênero. Você já passou por algo parecido? Conhece alguma receita ou simpatia capaz de solucionar o problema? 

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Um astro de primeira

Por mais que tenha tido uma vida marcada por escândalos de segunda, ele definitivamente foi um astro de primeira. Aqui vai a homenagem das garotas de segunda ao "rei do pop" Michael Jackson que, ao que tudo indica, hoje passou pro lado de lá. Essa música aí do vídeo é uma das minhas preferidas. Qual é a sua?

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Viva São João!


Quentão, vinho quente, pipoca, paçoca, canjica: cuidamos para que nenhuma delícia típica faltasse na mini-festinha junina que fizemos aqui em casa no último sábado. Céu azul, temperatura amena, casa arrumada; quase tudo estava nos trinques, só faltavam umas bandeirinhas espalhadas pelos cômodos (afinal festa junina de verdade, mesmo que seja beeeem pequenina, tem que ter bandeirinha). Pois bem, quando abrimos a porta para iniciar nossa peregrinação (em cima da hora, claro!) rumo aos enfeites juninos, demos de cara com o vizinho da frente pendurando um monte de bandeirolas coloridas pela rua. Foi aí que descobrimos que não seríamos as únicas a tumultuar a noite de sábado em nossa pacata vila. Perguntamos o nome da loja em que nossos rivais (digo, vizinhos) encontraram os enfeites, comentamos sobre a coincidência de nossas festinhas, sorrimos civilizadamente e seguimos para a Dudu Tudo Para Festas. Quando chegamos, eis a surpresa: nada de bandeirinhas. "Acabaram de comprar os últimos pacotes", foi o que a atendente nos disse. "Tudo culpa dos vizinhos", foi o que concluímos. E o resultado é que essa tal "coincidência" acabou nos obrigando a literalmente "bater perna" por todo o bairro atrás das benditas bandeirolas. Depois de muito rodarmos e quase perdermos as esperanças, finalmente encontramos nosso objeto do desejo: bandeiras de retalhos, a 8 reais o metro. "Manda logo 8 metros", dissemos, afobadas. E voltamos satisfeitas, saltitantes e esbaforidas para finalizar as arrumações em nosso lar junino. Às seis da tarde, hora marcada no convite, estávamos prontas, sentadas no sofá e aguardando pelos primeiros convidados. Seis e meia, sete, sete e meia, oito e nada; enquanto isso, a festinha da casa da frente bombava. Às oito e meia, a coisa ficou cômica: desesperadas com o vazio total do lado de cá, ficamos penduradas como duas perfeitas caipiras na janela contemplando o sucesso do lado de lá (teve até quadrilha no meio da rua!). Só lá pelas nove da noite é que fomos salvas pelo gongo, com a chegada dos primeiros convidados. Em seguida, claro, a coisa fluiu, e pouco tempo depois a casinha já estava cheia de gente de primeira. Ufa! O mais engraçado disso tudo foi que no final das contas, as duas festas acabaram praticamente virando uma só: vários de lá vieram pra cá, e vice-e-versa. Gostoso, né? Nem parece coisa de uma cidade tão grande como São Paulo! Por alguns instantes, me senti como se estivesse em uma cidadezinha pequenina, daquelas bem interioranas, disputando com o vizinho pra ver quem faz o melhor arraial. E você, também tem alguma história junina divertida para contar? 

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Videntes do truque


Uma vela de quatro quilos incomoda muita gente. Duas velas de quatro quilos incomodam-incomodam muito mais. Lembro dessa musiquinha infame dentro do metrô, enquanto carrego as tais velas, embaladas em papel rosa-pardo. Pesadas como bebês (gêmeos!), elas ainda medem meio metro cada e atraem olhares curiosos dos passageiros. Sigo para a Vila Madalena. De volta, enfim, para o meu planeta. Depois de uma peregrinação pelo Largo São Bento, no centrão de São Paulo. Depois de dez andares em um prédio caindo aos pedaços, em busca de um conselho da "Astro-vidente Priscila*”, uma das tantas que prometem "amarrar" casais. Com "100% de garantia" ou "Pagamento Após o Resultado".
Priscila não cobra consulta. "Meu lema é caridade", diz ela, nos classificados de uma revista semanal. Quando ligo para marcar hora, a moça da "Central de Atendimento" me pede que leve um alimento não-perecível. Saco um óleo Liza de girassol da despensa e lá vou. Volto, duas consultas depois, com as velas gigantes (a R$ 50 cada) e uma tarefa: "Tome um banho de sabonete azul." Achei bonitinha essa parte. Já viu quantos sabonetes azuis existem na prateleira do supermercado? Eu nunca tinha reparado. Gostei do tom do Phebo. Turquesa.
Exausta, de repente me dou conta: Meu Deus, e se isso tudo fosse verdade? Se eu fosse mesmo Rosana, uma mulher desesperada para salvar seu casamento em crise? Rosana, a personagem que criei para visitar as videntes, é uma publicitária que desconfia que seu marido tem outra. Ela está disposta a tudo para "amarrar" seu amor. E as videntes não poupam esforços nem verbo.
Joana*, a mais dramática delas, joga os búzios e me diz: “Uma mulher enterrou o nome do seu marido debaixo da terra, num cemitério, para ele ficar frio com você como um defunto”. Medo! Nas cartas ou nos Búzios, o diagnóstico é sempre o mesmo: sim, ele tem outra. Uma mulher teria feito um "trabalho espiritual" contra mim (vulgo, macumba). E se eu não agir rápido, se não cortar o tal trabalho, ele vai me deixar!

Quer saber como acaba essa história? Leia aqui, na revista TPM desse mês. Na minha primeira e feliz colaboração para a revista (que também é de primeira!), eu conto a saga na reportagem "Armação dos Búzios". Fui em cinco videntes, dessas que colocam anúncios em classsificados e faixas na rua prometendo o impossível: amarrar um homem "com 100% de garantia"! O texto acima foi um dos começos que imaginei para a matéria, que à medida em que fui escrevendo foi se transformando, até ficar como está. Mas o rascunho ficou, e aproveito aqui para fazer meu "comercial".
Putz, para quem estava quietinha, falei demais!
E, você, já consultou uma vidente? Ela era de verdade ou do truque?

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Xixi ecologicamente correto


Você faz xixi no banho? Não? Tem certeza? Pois bem, então segundo dados da S.O.S. Mata Atlântica, você faz parte de uma minoria. É isso mesmo, de acordo com a ONG ambiental, 73% das pessoas aproveitam o momento "chuveirada" para também fazerem aquele xixizinho básico - e, com isso, consciente ou inconscientemente, deixam de desperdiçar 12 litros de água por dia. Tudo porque não apertam uma descarga. Se a pessoa toma dois banhos diários então, a economia é de 24 litros, olha que maravilha! Pois bem, diante desta descoberta espantosa de que a grande maioria das pessoas faz seu xixizinho no box, a S.O.S. Mata Atlântica resolveu criar uma campanha para convencer os outros 27% de que urinar no chuveiro é legal. Tem até site: www.xixinobanho.org.br! Lá, além de inúmeros dados sobre o desperdício de água, também há orientações sobre os cuidados que todo mundo deve ter para não acabar contaminando outras pessoas com as toxinas de seu xixi (é, é isso mesmo, o certo é urinar logo no comecinho do banho, pra que depois a água limpe a área, hmm, digamos assim, "mijada"). Olha, eu caí na gargalhada quando soube desta campanha. Sim, a causa é de primeira, maravilhosa; a idéia é absolutamente inusitada e engraçada, mas essa coisa de xixi no banho não me agrada não - até porque aqui em casa o box, na verdade, é uma banheira bem branquinha. Eu fiquei espantada mesmo foi com esses dados... Verdade que 73% das pessoas fazem xixi enquanto estão no chuveiro? Será? O que você acha?

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Sem sinal


De tempos em tempos, a vida fica confusa. Parece que tudo sai do lugar. É o dia que fica mais curto, é a noite que fica longa demais; é o chefe que se torna mais exigente, a saúde que não colabora, o ladrão que arromba o carro, o frio que quase congela, a grana que fica curta, a vitamina que não faz efeito, o corpo que não reage, a vida que fica sem graça. A sensação é a de estar vivendo numa segunda-feira interminável, insuperável e insuportável. Nessas fases, o melhor a fazer é silenciar e continuar caminhando. Já passou por isso? Pois bem, nós, garotas de segunda, andamos assim, meio caladas - eu, mais ainda. Mas agora estou de volta. Foi só uma fase turbulenta; só tempestade, daquelas bem cinzas e barulhentas. Passou. Ufa... Será que a história da calmaria depois é verdadeira? Juro: tô de dedinhos cruzados!

terça-feira, 2 de junho de 2009

Lei de primeira



Sobre o acidente da Air France... Ontem, no didático Jornal Nacional, soube que uma lei na França proibe que sejam divulgados os nomes dos mortos em acidentes aéreos. A empresa informa apenas os familiares, e cabe a eles, se assim desejarem, informar amigos ou quem quer que seja. Me pareceu algo civilizado. Afinal, quando se perde alguém por qualquer outro motivo, não é assim? Por que os familiares precisam, além de lidar com uma dor imensa, ter de conviver com a imprensa inteira colocando fotos, históricos e nomes de seus parentes nos jornais? Por aqui, a lista está publicada desde ontem e é inevitável ler os nomes, para saber se há algum conhecido, o que facilita também o trabalho dos jornalistas, que a essa hora devem estar sendo pilhados pelos chefes para correr atrás das historias dramáticas, em detalhes. Obviamente que histórias seriam cavadas mesmo se a lista não fosse divulgada oficialmente. Mas proteger os nomes seria mais coerente e menos sensacionalista. Acho que essa lei francesa deveria vingar por aqui também. Luto é coisa de família. E a família é quem decide com quem quer compartilhar sua dor. O que vocês acham?

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Camomila para perfumar a segunda-feira




Segunda-feira braba. Dia 1. Acidente de avião pesado no ar...
Ontem, relendo "A casa da Bruxa", da Márcia Frazão (ed. Planeta), encontrei esse "ritual" de segunda-feira que cabe bem aqui no blog. Até porque fala de um jeito de mudar o (mau) humor que domina o dia... Olhe só:

"A segunda-feira é planetariamente consagrada à Lua, o astro que nos fornece a evolução espiritual. Talvez por estarmos tão agarrados à concretude da existência e por consideramos o espírito como somente mais um acessório, tememos inconscientemente a sgunda-feira e nos preparamos para ela com mau humor. E, quando iniciamos a semana com tal sentimento, traçamos na tela de nossa vida um desenho mal-acabado e com cores sombrias. Experimente mudar as linhas e as tonalidades desse desenho, fazendo da segunda-feira um dia de reflexão e exaltação, e aromatizando sua sala, ou a casa inteira, com um desses óleos aromáticos: Cânfora, Limão, Jasmim, Camomila, Artemísia."

Para quem não tem óleos, vale também o incenso.

Tenham todos uma ótima segunda-feira (dentro do possível)...

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Sobre panelas e tampas...


Ok, eu concordo que ser solteiro hoje em dia não é bolinho - e olhe que tenho adquirido bastante propriedade para falar sobre o assunto -, mas acho que protestos e passeatas contra a solteirice são, digamos assim, "um pouco demais para a cabeça". A primeira informação que tive sobre a Marcha dos Sem Namorado, que aconteceu ontem no Parque do Ibirapuera, foi a de que seria um protesto exclusivo "de garotas". Rapidamente me programei para marcar presença e preparar um mega post bem-humorado para o Garotas - afinal visualizei centenas de mulheres indignadas, vestindo camisetas com frases espirituosas e criativas do tipo "Cansei de homens de segunda" e "Quero homens de primeira já!". Não seria uma pauta perfeita para este blog? Pois bem, mas minha empolgação jornalística-feminista durou pouco: logo depois descobri que o tal evento era para solteiros em geral, de ambos os sexos. Ficou, então, uma dúvida no ar: mas que raios de protesto é esse? Protesto, pra mim, é contra alguma coisa bem objetiva. É um ato de indignação, ora bolas! Não consegui entender exatamente qual seria o motivo dessa marcha... Abaixo a solteirice? Não faz sentido! Bom, mas mesmo assim tomei coragem, espantei a preguiça dominical, peguei o meu bloquinho e fui (atrasadíssima, como de costume) para o Ibirapuera acompanhada de uma amiga. Rodamos, rodamos, quase fomos atropeladas por inúmeras bicicletas desenfreadas, rodamos mais um pouco e finalmente alcançamos a tal passeata, que já estava literalmente "nos 45 do segundo tempo". Nada de cartazes, nada de gritos de protesto: apenas um aglomerado de pessoas caminhando e uma penca de fotógrafos disparando flashes para todos os lados. Respiramos fundo e nos jogamos na marcha dos sem rumo atrás de informações. Demos cinco passos e clic!, lá estávamos nós duas em primeiro plano na fotografia de algum repórter - para desespero de minha amiga, que é casadíssima e teria de enfrentar uma crise conjugal caso a imagem estampasse algum jornal no dia seguinte. Enfim, continuamos caminhando no meio da galera e eu comecei a tentar puxar conversa com alguns participantes. De início, ninguém quis assumir que estava ali por causa do movimento. "Acabei de chegar e nem sei o que está acontecendo aqui", foi o que mais ouvi. Instantes depois, encontramos um jornalista simpático que forneceu o telefone de uma das organizadoras do evento e resumiu a passeata em apenas uma frase: "Foi uma espécie de micareta, só que de solteiros". Segundo ele, o clima de paquera estava fortíssimo, e em vários momentos do percurso rolaram aquelas rodinhas de gente gritando "beija, beija!" em volta de possíveis futuros casais. Olha que genial! Segundo a organização do Movimento dos Sem Namorados - que tem site na Internet e até assessoria de imprensa! -, mais de 3 mil pessoas participaram da marcha de ontem - e desse total, saíram cerca de 53 casais formados. Eu, no entanto, confesso que achei o evento bem de segunda. De primeira mesmo, só a sacada de marketing desse tal site ParPerfeito, que com a organização dessas duas inusitadas passeatas - uma no Rio e essa em SP - conseguiu destaque em toda a imprensa nacional. E você, o que achou da Marcha dos Sem Namorado? Acha que é batendo na panela que se encontra uma tampa das boas?

terça-feira, 12 de maio de 2009

Acupuntura no prato


Lembro bem do dia em que vi pela primeira vez, ao vivo e a cores, uma vaca sendo "assassinada" bem na minha frente. Eu estava numa cidadezinha chamada Portalegre, interiorzão do Rio Grande do Norte, participando de um projeto da universidade, e fiquei absolutamente chocada com a cena: o animal foi abatido com uma marretada no crânio, e agonizou por um tempo razoável. Depois de presenciar o horror, fiquei sem conseguir comer carne por algum tempo, remoendo o que tinha visto. Lembrava do estresse da vaquinha poucos segundos antes de morrer, tentando fugir, aflita com seu cruel desfecho, e passei a sentir um misto de culpa e revolta toda vez que via um bifão sangrento em um prato qualquer. Mas a verdade é que a fase vegan consciente durou pouco. Apesar de ter uma mãe vegetariana há mais de 25 anos, sou do time dos "carnívoros", no entanto confesso que admiro profundamente quem opta banir a carne de seu "menu pessoal". Isso porque acredito, sim, que todo o pânico do animal antes do abate fica em sua carne - e, consequentemente, vem para o nosso prato. Por este motivo, achei interessante a notícia de que uma empresa japonesa desenvolveu uma técnica de acupuntura para peixes que vão virar sushi e sashimi. A idéia é que eles fiquem "mais relaxadinhos" antes de morrerem... Não é demais? Agora a técnica podia ser utilizada também para outras carnes! Pelo menos, isso talvez fosse capaz de diminuir o remorso de vegetarianas frustradas como eu...

quinta-feira, 7 de maio de 2009

O cortejo



Fazia anos que eu não via um caixão. Sabendo que ali dentro tem gente. Pois sábado passado, em Paraty, passou um cortejo fúnebre pelo Centro Histórico. Tarde de sol. Eu estava numa mesinha de bar, tomando uma caipirinha, de repente olho e vejo, na esquina, um caixão, carregado pelas alças por quatro homens, seguidos por mulheres com flores nas mãos e véus na cabeça, em um monte de gente atrás. Na cidade grande a gente não vê esses rituais, que, de alguma forma nos fazem lembrar dos ciclos da vida. Lembro de uma reportagem que fiz uma vez sobre o luto. Uma psicóloga especialista no tema me dizia que, hoje, as pessoas tem mais dificuldade em superar o luto, porque a morte ficou distante, em velórios tercerizados e produzidos. Outro dia li sobre uma empresa que tem um buffet para velórios vip, com comes, bebes, e lembrancinhas! Não se vela mais o ente querido na sala de estar. Nem na igreja. Segundo a psicóloga, essa proximidade, antigamente, ajudava a elaborar a perda. Uma coisa é "beber" à memória de quem se foi, lembrando dos bons momentos em vida. Outra é criar uma despedida fria e fake. No México, o Dia dos Mortos é uma festa colorida, com muita tequila, flores e catrinas sorridentes (caveiras), até em forma de docinhos. Bebe-se em memória dos amados, lembrando que a morte pode estar na esquina. Como o cortejo que passou, e me pareceu tão humano...

terça-feira, 5 de maio de 2009

No divã com a diva

Logo mais, às 21h30, essa diva queridíssima aí da foto vai estar brilhando e arrasando no palco do Bourbon Street Music Bar (quem acompanha o Garotas já sabe que Luciana Alves é uma cantora absolutamente de primeira e amiga muito, muito especial). Sendo assim, resolvi convidar a estrela da noite para participar do nosso Quiz GS:

1 – Minha definição de segunda-feira:
Dia de (re)começar na academia...

2 – Uma receita de primeira com ingredientes de segunda:
Patê de fois gra! (o fígado de um pobre ganso sofredor!)

3 – Uma balada de segunda(-feira):
Pôr em dia o sono atrasado de um fim de semana muito animado...

4 – “Parece de segunda, mas é de primeira”:
Saber cantar "Dancing Queen" do ABBA.

5 – “Parece de primeira, mas é de segunda…”
A loja da Daslu (parece de primeira??)

6 – Uma pessoa de primeira:
Michelle Obama!! Deve ser muito de primeira, essa.

7 – Uma attitude de quinta:
Preconceito.

8 – Um programa de quinta:
Ter que levar os sobrinhos amados no show do High School Musical.

9 – Um dia em que eu me senti de segunda:
O dia que começou com uma briga com o namorado, seguiu numa discussão com o gerente do banco e terminou com um baita escorregão no meio da rua!

10 – Um antídoto contra a TPS (Tensão Pré-Segunda):
Cantar!!

Luciana Alves, 32 anos, é cantora e vai se apresentar hoje, terça-feira, no Bourbon Street Music Club, a partir das 21h30. Se você, como eu e Rosane, é fã da boa música brasileira, preste muita atenção nesta dica de primeira: O SHOW É IMPERDÍVEL! Nos vemos lá!

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Pra semana




"Terça é o dia mais sem-graça que existe. Sem a gravidade
de uma segunda-feira, dia de remorsos e decisões."
Luis Fernando Veríssimo, ontem, no Estadão


Também não sou lá muito fã das terças. Gosto das quintas. Ainda há tempo últil para fazer o que falta e o fim-de-semana se aproxima... E o seu dia de semana preferido, qual é? E por quê?

quinta-feira, 30 de abril de 2009

A voz da dona e a dona da voz


Eu não sei tietar. Não sei e não gosto. Tenho pavor das pessoas que ficam esperando os artistas na porta do camarim, gritando, pedindo autógrafo… Morro de vergonha, definitivamente. Mas depois de escutar o primeiro (e maravilhoso) cd do violonista e compositor Chico Pinheiro, “Meia Noite Meio Dia”– um álbum de primeiríssima, todo estrelado, cheio de participações mega especiais -, caí de amores por uma cantora chamada Luciana Alves. Em meio a Lenine, Ed Motta, Maria Rita e Chico César, eu só ouvia ela, essa tal de Luciana, a moça que tinha a voz mais doce e suave que eu já havia escutado. Pois bem, então lá fui eu pro Orkut ver se encontrava a dona dessa voz apaixonante. “Alguém que tem uma voz tão querida e delicada não pode ser chata ou esnobe”, pensei, enquanto clicava para adicioná-la como amiga, escrevia algum scrap todo “tietoso” e morria de vergonha de mim mesma pelo comportamento “de segunda”. Isso foi há mais de cinco anos. Hoje, Luciana é simplesmente uma das amigas mais especiais e valiosas que fazem parte da minha vida. E é por essas e outras que estou tão orgulhosa, feliz e radiante com seu show solo, que acontece na próxima terça-feira, 5 de maio, no Bourbon Street, em São Paulo – e que eu, como fã master, super recomendo a todos os leitores e leitoras do Garotas. Afinal, posso realmente dizer que "senti na pele" o poder da voz e da música dessa artista de primeiríssima! Quer entender exatamente do que estou falando? Então vá ao show - e depois volte aqui para dizer se a minha tietagem de segunda lááá atrás não está mais do que justificada...

Serviço:

LUCIANA ALVES NO BOURBON STREET MUSIC CLUB
Dia 5 de maio, terça-feira, a partir das 21h30
Rua dos Chanés, 127 - Moema - São Paulo/SP
Couvert Artístico: R$ 35.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Se essa moda pega...

Imagine a seguinte cena: você está lá no bem-bom com um mocinho, toda feliz da vida. A noite está linda e a coisa começa a pegar fogo. Você, como uma garota super prevenida e bem-resolvida, pergunta para o moçoilo se ele tem um preservartivo, pois só assim vocês podem dar sequência ao momento caliente. Ele, então, tira do bolso uma camisinha diferente: feita de tripa de ovelha. Tudo por causa do meio ambiente, já que os preservativos de látex demoram cerca de 300 anos para se decompor na natureza – e esse feito de tripa, apenas um. Seja sincera: você não inventaria um ótimo pretexto para sair correndo? Eu juro que iria embora. Pra mim, ecochatice tem limite! Ok, cuidar do planeta é absolutamente fundamental, mas ser ecologicamente correto até na hora da transa já é demais! Hoje soube que produtos “green” estão ganhando as prateleiras também dos sex shops. Agora existe vibrador solar – que dispensa o uso de pilhas –, camisinha orgânica (detalhe básico: que ajuda a evitar gravidez, mas não protege contra DSTs) e lubrificante natural! Fiquei apavorada! Já pensou se essa moda pega?

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Salve Jorge!




Hoje é dia de São Jorge. Feriado no Rio. Só lá, pode? Gosto das cores fortes de sua imagem, do cavalo branco, de sua valentia. Fica aqui uma homenagem ao santo guerreiro da Capadócia, e que ele nos inspire a batalhar pelos nossos desafios. Para quem tem de matar um dragão todo santo dia.. Salve Jorge!

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Flerte fatal

Conheci recentemente essa canção do Celso Fonseca. Simplemente deliciosa. A letra toca num assunto tabu: um flerte entre duas pessoas casadas --com outras pessoas... Ou seja, dois casais, e ela demonstrando uma "queda" pelo marido alheio. Há quem classifique logo a coisa como de segunda... de quinta. Mas "Viver é um perigo", diz a letra. Eu tento não julgar nada. Só não tolero a vulgaridade. Faça o que quiser, desde que não seja algo banal, vulgar, se é que você me entende. E a música coloca a situação de de um jeitinho tão interessante, palavras no lugar certo. O desejo às vezes está ali, "mas deixa pra lá". Ou não, como diria Caetano (aliás, separado desde o nascimento de Celso Fonseca. Como se parecem!) Seria uma versão moderna e mais cool da "Namoradinha de um amigo meu" (do Rei)? Achei esse vídeo ótimo em que Celso canta sua "Queda", com Paulinho Moska. Me diga depois: você já viveu algo parecido? E deixou pra lá? Ou não?